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Livro Como Ser um Rockstar – Guga Mafra

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Descrição

Uma comédia romântica. Uma declaração de amor pela vida, pelo rock e pelas amizades. Uma história imperfeita de personagens muito reais.

Como Ser um Rockstar é a história de um adolescente tímido, desajeitado e cronicamente apaixonado procurando seu lugar e seu propósito na vida. É uma jornada cheia de perigos, como competições esportivas, crises econômicas e internet discada, mas também repleta de música, pequenas vitórias, epifanias, amizades profundas e amores impossíveis.

É uma história de crescimento. Em meio a músicas, projetos e relacionamentos que dão muito certo ou muito errado, o protagonista aprende que o sucesso nem sempre é aquilo que se espera.

Eu tinha 8 anos. Estava no meio de uma aula qualquer da terceira série, aprendendo partes do corpo humano ou a separar sílabas. Como de costume, eu não conseguia prestar atenção no que a professora, que a gente chamava de tia, falava. Dessa vez não era por conta do meu completo desinteresse pelo assunto, e sim por causa de um barulho. Um zunido ritmado que vinha de longe.

Um barulho que parecia… Bom, pareciam panelas batendo umas nas outras. Tinha gente gritando. Às vezes parecia que era de medo; às vezes, de alegria. Tipo numa montanha-russa. E tinha um zunido, um som estridente, como um mosquito, ou vários mosquitos, mas formando uma música. Eu só conseguia prestar atenção naquilo.

Eu tinha 8 anos numa turma de crianças de 9. Um ano é um abismo de diferença nessa idade. Eu era um pouco tímido, não gostava de falar em sala, mas tomei coragem e pedi pra sair e ir ao banheiro. Eu sei que parece banal, porém, levantar a mão, interromper a aula, ter toda a classe prestando atenção em mim enquanto eu pedia permissão pra sair da sala (ainda mais por causa de uma necessidade fisiológica) era um ato de bravura pra mim. Acho que aquele barulho de ferro batendo acelerou a urgência, e eu simplesmente agi.

Permissão concedida, saí pelo pátio destinado aos pequenos, como éramos chamados. O Colégio Península, onde eu estudava, tinha alunos que iam do jardim de infância até o último ano do segundo grau. Era um colégio enorme, com três prédios formando um U, com um pátio a céu aberto no meio. Um desses prédios, o menor, abrigava os alunos do primário e tinha um mini pátio coberto, com portas de vidro que separavam os pequenos dos grandes – os alunos da quinta série em diante, que tinham acesso ao pátio externo.

E eles estavam todos lá, aliás, como eu pude ver pelas portas de vidro. Todos virados para o fundo do pátio, de onde a barulheira vinha. Meio sem pensar, fui em direção à porta, que ficava sempre destrancada, e estranhamente, nesse momento, estava sem um funcionário do colégio regulando a entrada e a saída. Sei lá por quê. Em geral, eu era um menino obediente, mas, agindo como um inseto atraído pela luz, fui até a porta e saí.

Do outro lado, o barulho ficou terrivelmente alto. As panelas batendo, agora, pareciam uma cavalaria. Os gritos pareciam um exército. Aquele zunido se transformou num estrondo que tornava impossível ouvir meus próprios pensamentos. Era massacrante, atordoante, ainda mais em meio a um monte de adolescentes bem maiores que eu.

Eu achei FODA!

Sem pensar no que estava fazendo, fui andando no meio dos “grandes”, tentando achar um espaço que me permitiria ver o palco para o qual eles estavam virados. E lá estava a primeira banda de rock que eu vi ao vivo na vida. Até então, eu já tinha visto alguns videoclipes, mas minha ideia de uma banda tocando ao vivo era de uns quatro ou cinco caras, com instrumentos desligados, fazendo playback no Chacrinha ou no Silvio Santos. Não tinha nada a ver com aquilo.

Ali eu vi um cara esmurrando a bateria pra fazê-la soar alto o bastante sem amplificação. O som dos tambores e dos pratos sendo espancados ao ar livre não tinha nada a ver com o que você ouvia em um disco. Ainda mais nos anos 80. Guitarras e baixos eram como armas espaciais. Como o brinquedo mais legal e mais caro que eu já tinha visto nas mãos de alguém. E faziam um barulho como uma serra elétrica gigante cortando na transversal um Opala com o motor ligado.

O vocalista era a coisa mais irada que eu já tinha visto. Um Jim Morrison vestido de Rob Halford. O que na minha imaginação, na época, era uma espécie de super-herói, tipo um Snake Plissken, ou um personagem de Mad Max. Ele cantava gritando ao microfone “Polícia para quem precisa!”, e a galera respondia: “Polícia para quem precisa de polícia!”. Que FODA! Que IRADO! Essa era a coisa mais radical, mais rebelde, mais incrível que eu já tinha visto em toda a minha vida.

Eu já tinha ouvido os termos “heavy metal”, “rock pauleira”, coisas do gênero. Era época pós-Rock in Rio, e a gente via referências em séries de TV, como Armação Ilimitada. Mas ao vivo, cru, era muito melhor. Era muito mais impressionante. Era como ver pela primeira vez um avião gigante, com a turbina ligada na sua cara, e não voando pequenininho no céu. Era brutal.

O tecladista emendou uma versão de “Light My Fire”, do The Doors, no meio do cover de “Polícia”, dos Titãs. Eu e toda a plateia ficamos hipnotizados com aquele solo de teclado, enquanto o vocalista, deitado no chão do palco, urrava a música em inglês, que pra mim também soava como algo mágico, espacial.

Fiquei até o fim. Assisti à banda encerrar o show com um cover de “Bichos Escrotos”, a coisa mais punk e agressiva que eu já tinha visto. Vi o guitarrista jogar a guitarra no chão e depois se jogar em cima da plateia. Vi o baterista arremessar as baquetas para os alunos enlouquecidos, que tentavam pegar um suvenir daquele momento. E vi o vocalista ser agarrado por uma menina! Sem nenhum esforço. Eu mal conseguia dirigir uma palavra a uma garota, e o cara estava sendo agarrado sem falar nada.

Depois descobri que esse momento apoteótico era a Semana Cultural do Colégio Península, um evento anual no qual as turmas apresentavam seus dotes artísticos, esportivos e competiam em uma gincana. Aquela superbanda-punk-heavy- metal-pauleira-hardcore-espacial-superstar que eu tinha visto era só os alunos de alguma classe que se juntaram pra se divertir. Mas pra mim foi equivalente ao Queen tocando em Wembley misturado com os Ramones tocando no CBGB.

Eu queria continuar ali e, quem sabe, ver a próxima banda, mas um bedel da escola finalmente me avistou. Um menino de 8 anos de uniforme no meio dos adolescentes. Ele me pegou pela mão e me levou de volta pra sala. Momentaneamente, eu tinha sido contagiado por aquela demonstração de rebeldia e desdém pelas regras e estava pronto pra confrontar o bedel, minha professora, minha turma, quem quer que fosse. A frase “vão se foder” ainda ressonava na minha cabeça.

Mas não foi preciso. O bedel falou que eu estava perdido, a professora aceitou e eu voltei pra minha sala sob os olhares desconfiados e impressionados dos coleguinhas, que sabiam que ninguém se perdia no caminho até o banheiro. Uma pequena vitória.

Sentei à minha mesa e comecei a desenhar nas bordas de algum livro-texto o que tinha acabado de ver. Guitarras, bateria, caveiras… Mais tarde, naquele mesmo dia, eu subiria em cima da cama, como se ela fosse um palco, e “tocaria” uma velha raquete de tênis, reproduzindo exatamente aquele momento, cantando “Polícia”, “Light My Fire” e “Bichos Escrotos”. Foi ali, naquele dia, que eu decidi o que queria ser quando crescesse.

Um rockstar.

Especificações:

  • Autor: Guga Mafra
  • Dimensões: 23 cm x 16 cm x 0,7 cm
  • Páginas: 272
  • Peso: 201 gramas
  • Acabamento: Brochura
  • ISBN: 9786555392654
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